quarta-feira, 4 de agosto de 2010

O Leitinho das Crianças


Sabe aquelas pessoas que são irritantemente pacientes? Pois bem, às vezes sou uma delas! Não em todos os momentos, claro. Mas justamente nos momentos mais graves. Quanto pior o quadro geral, mais tento raciocinar, racionalizar e manter a calma.

Hoje foi um desses dias em que muita gente teria um chilique, mas, fazer o quê? Não adiantava me estressar. Vamos ao prólogo e ao causo em si:

Está escrito que, no Brasil, a saúde é direito de todos e dever do Estado. Aqui também se recomenda que as mães amamentem seus filhos com leite materno por, no mínimo, 6 meses. Acontece que alguns bebês não podem mamar em suas mães porque elas tem alguma doença transmissível por leite materno. Nesses casos, o Estado compra leite pros bebês.

Eu trabalho no SUS- Sistema Único de Saúde, e essas situações realmente acontecem. Hoje tive que sair pra, literalmente, “garantir o leite das crianças”. A tarefa inicialmente é chata, mas não muito complexa. A parte que me cabia no latifúndio era: ir à tesouraria e pegar o cheque e ir a agencia bancária trocar o tal. Dim-dim na mão, o resto quem resolve é a nutricionista.

Tinha resolvido que iria fazer essa “correria” amanhã, mas como deixar o “leitinho das crianças” esperar? A visita agendada pra hoje terminou as 15h30. Com sorte faria tudo antes que o banco fechasse. Mas nada que um caminhão puxando um contêiner, estrategicamente posicionado à frente do veículo em que eu estava, não pusesse em dúvida meu otimismo.

Superado o caminhão, chego ao local pra pegar o tal cheque, desço as escadas com pressa, pego o tal, subo esbaforida. Restam-me exatos 8 minutos. Acelero mais um pouco a vida e, na porta do banco, o tal alarme de metal não quer colaborar. Apenas após 3 tentativas o guarda sugere que eu deixe meus pertences no guarda-volumes. Entro no banco e pego a senha. Horário do comprovante: 15h58. Ufa. Número da senha CC 211. Número no painel CC 170. Aiii.

Acomodei-me o mais confortável possível nos bancos de espera e, depois de muito, fui chamada. Ao conferir as assinaturas, a caixa não tinha certeza sobre uma delas. Buscou o livro com o registro e me perguntou se conferia. “Não é a mesma”, respondi sinceramente. Próxima parada: 1º andar para conversar com a gerente que autorizaria o saque da mesma forma, por conhecer seu cliente. Dois lances de escadas, saque autorizado.

Alegre e contente, voltei ao caixa. A moça só esperava a “minha p´ssoa” para finalizar o atendimento ao público do dia. Ao passar o cheque na máquina, surpresa: O cheque estava bloqueado. Nada que não pudesse se resolver no 1º andar. Nesta altura, já pareciam 6 lances de escada. Lances escalados, papel desbloqueado, voltemos ao caixa. Eu era a única não-funcionária no prédio.

No térreo a moça também exercitava sua paciência. Cheguei, respiramos juntas, algo aliviadas. Enfim o dia de nós duas poderia prosseguir para além de um cheque. Nada mais poderia acontecer. Qual o que... O CHEQUE NÃO TINHA SALDO!

Não, eu não tirei as calças pela cabeça, não matei ninguém, não chamei ninguém de santo. Apenas tive certeza da célebre frase do meu professor da faculdade (ao qual já me referi aqui no blog): não há mal que não possa ser piorado.

Apesar das doses de paciência do mês de agosto terem se esgotado em uma única tarde, garanti o dim-dim pro “leitinho das crianças”. Não sei se servirá, porque depois de tanta enrolação elas já devem ser adolescentes.


Imagem de Lucas Leite

5 comentários:

Mr Marcinho disse...

Devemos tomar uma decisão as vezes em fração de segundos, num segundo depois já ter um plano B e C... Que dia ...

Reginaldo Branco da Silva disse...

Jana-ina-ina-ina...
Tb já passei por isso, minha cara, para garantir a ida a um congresso...e tb sou muito paciente...meu superego rígido, como vc dz...rs
beijos

Jamylle Bezerra disse...

Caramba! Fila de banco é algo que realmente ninguém merece! Paciência é realmente a palavra certa!

Bom fds!

Carmem Silvia disse...

Ufa!
Ainda bem que agosto já terminou e você já deve ter recebido sua quota de paciência para setembro!
Beijo!

Janaína Leslão disse...

Pois é, Carmem, inda bem que o mês mudou!
até porque, pra setembro, tenho que ficar "brincando de mulher parida" sem bebê.... Tirei a vesícula e aí tem o tal repouso... um saco! kkk Beijos